Conforme foi explicado nas seções "O Mestre" e "Escolas e Estilos", a existência de diferentes escolas se justificam de acordo com a compreensão e o ponto de vista de cada mestre: na capoeira, temos o a variação Angola e a variação regional; nas mais diversas artes marciais japonesas temos as escolas (ryu - 流) e as variações (ha - 派) dentro de cada escola; nas artes marciais chinesas, há uma grande divisão entre estilos (jiā - 家) internos e externos e uma divisão mais pormenorizada entre estilos (mén - 門), métodos (fǎ - 法), sistemas familiares (xì - 系), etc; o próprio jiu-jitsu desenvolvido aqui no Brasil por Mitsuo Maeda (前田光世), o Conde Koma, também possui variações de metodologias de ensino, técnicas e aplicabilidades a depender das grandes linhagens e suas variações, quer dentro ou fora da família Gracie.

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No jogo do pau não é diferente. A grosso modo, existiam as diferenças entre o jogo do norte e o jogo do sul (ou jogo de Lisboa), pois jogadores nortistas tiveram que adaptar seus jogos ao contexto urbano e/ou até mesmo mais esportivo. Hoje se sabe que também existiam jogadores nos Açores, notadamente na Ilha Terceira, possuidores de um jogo sensivelmente diferente dos outros dois e que era praticado de maneira praticamente secreta, porém há pouquíssimas informações sobre seu desenvolvimento. Atualmente a maioria das escolas de jogo do pau é uma amálgama entre estilos do norte e do sul, embora umas com influência bem mais nortistas, outras bem mais sulistas.

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Para se falar da Escola do Santo Condestável, ou do Método Nuno Russo, é preciso dissertar um pouco sobre o contexto do jogo do pau em Lisboa. O jogo do pau foi levado à Lisboa por mestres nortistas ainda no século XIX, os quais cobravam um preço de hora-aula mais ou menos equivalente a um dia de trabalho de um trabalhador comum, como por exemplo um operário das fábricas iniciais portuguesas. Convém lembrar que era uma época em que quase não existia arma de fogo de uso pessoal, portanto saber manejar o pau poderia definir o sucesso ou o fracasso em defesa pessoal ou combate.

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Os mestre mais antigo em Lisboa do qual tempos conhecimento são os mestres José Maria da Silveira e Joaquim Baú, que ensinaram homens como Pedro Augusto da Silva (o mestre mais antigo do Ginásio Club Português-GCP), Domingos Salréu, Artur dos Santos, e Dom Carlos I, rei de Portugal, em pessoa. Era o início da prática nos clubes e ginásios (academias), não só no GCP mas também no Ateneu Comercial de Lisboa e diversos outros. A geração seguinte se deu principalmente com Frederico Hopffer, José Gonçalves Dias, Antonio Nunes Caçador e Domingos Varejão que, juntos com seus discípulos Júlio Hopffer e Domingos Miguel formaram os principais mestres de Nuno Russo em Lisboa: Elias Gameiro, Abel Couto, mas sobretudo Pedro Ferreira, este reconhecendo a devoção de Nuno Russo dava-lhe aulas individuais sem cobrar um centavo.

 

Convém dizer que tanto Júlio Hopffer quanto Pedro Ferreira praticaram tanto o jogo do norte quanto o jogo de Lisboa, e de acordo com o próprio mestre Nuno Russo foi Pedro Ferreira, e não ele próprio, que iniciou uma síntese sistemática e coesa entre os dois jogos; entretanto Nuno Russo é quem se incumbia de viajar por todo o Portugal para treinar com outros mestres e atualizar a escola do mestre Pedro Ferreira.

Mais tarde, por ideia do próprio mestre Pedro Ferreira, mestre Nuno Russo monta sua própria escola, a Escola do Santo Condestável, privilegiando o aspecto de defesa pessoal e combate e deixando quase completamente de lado o aspecto de exibição. Nesta toada, resgatou o antigo jogo da bengala, utilizado nas feiras do norte antigamente quando o porte de paus foi proibido e as adaptou para técnicas de bastão curto, mais modernas, de graduação à parte, e que têm feito muito sucesso nos campeonatos de stickfighting. Para fins de distinção e de resgate histórico, percebida a semelhança entre as principais técnicas de jogo do pau e da espada bastarda (ou à montante, ou de duas mãos), é muito comum que a Escola do Santo Condestável chame o jogo do pau português de Esgrima Lusitana, por ela ser o que é, uma esgrima de paus e que pode ser muito bem adaptada a outras armas como foices, lanças e, é claro, espadas retas. 

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No Brasil, estamos autorizados a treinar e cultivar as técnicas básicas que nosso monitor aprendeu com o mestre Nuno Russo, contribuindo quer para o enriquecimento marcial brasileiro, quer para a divulgação desta lacuna da cultura portuguesa no Brasil.